− Sinto falta.
− De quê?
− Da minha formiga.
− Você tinha uma
formiga?
− Tinha. Ela era
ranzinza e teimosa, mas acabei tornando ela minha. Sim, ela era minha.
− Não é mais?
− Não. Ela pediu pra
não ser.
− Por quê?
− Ora, vai ver ela já
foi minha por tempo demais. Sugou todo o meu açúcar e foi embora. É o que as
formigas fazem, não? Mordem, ou picam, não sei dizer. Uma mordida tão
pequenininha que a gente nem repara direito até começar a arder, e a doer.
Muito!
− É verdade, mordida de
formiga dói. Tome cuidado com as vermelhas!
− Por quê? A minha
formiga era vermelha e nunca me fez mal algum.
− Ora, ela te mordeu,
não foi? Ou não? São venenosas!
− AAH! Se for com isso
que se preocupa, pode parar por ai. Ela não era venenosa, ainda não é. É
incompreendida.
− Por que diz isso?
− Porque é uma formiga,
precisa de melhor motivo? Ninguém entende realmente as formigas, não os humanos,
pelo menos – nem mesmo as crianças. Nem mesmo eu.
− Mas você não tinha
uma formiga? Como não entendia uma formiga e mesmo assim a tinha?
− Simples: não era eu
que a tinha. Ela que tinha a mim. Mas perdeu. Ou não?
Formigas... criaturas fascinantes, e muito incompreendidas.
ResponderExcluirAs vezes acho que é melhor que não sejam compreendidas, sabe?
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