sexta-feira, 20 de julho de 2012

Outra carta para Sophie


Querida Sophie,


Você há de me culpar por tudo isso um dia, talvez hoje ou amanhã. No entanto, querida, posso jurar que a culpa não é de todo minha quando descubro minha mente vagando à sua procura – ou talvez seja, pois gosto de te amar um tanto.

Juro-te, se assim desejar, que não memorizei teu cheiro por própria vontade. Ter-te perto me deixa assim; mais agitado, mais acordado, mais feliz. Afinal, sou incapaz de não amar-te o sorriso tão imperfeito e tão perfeito, que gosto de tal maneira a pensar que ele é pelo menos um pouco meu. E se não for, não me culpe por imaginar meu o que não o é, mas aviso-te de antemão: quando se trata de você acontece frequentemente.

E se esta carta já está monótona então me perdoe, pois não posso impedir-me de te amar também os cabelos. Tão ruivos e longos; tão macios (e meus). Nem de amar-te o rosto, principalmente quando suas feições demonstram que acabou de levantar-se da cama.

Sou incapaz também de não amar tua voz. Música para os meus ouvidos, capaz de projetar em meus lábios um sorriso ao dizer para mim coisas tão loucas que apenas me fazem sorrir e ser feliz. E incapaz de amar teus lábios, tão delicados e gentis.

Amo-lhe ainda o jeito de menina, o jeito de sabe-tudo, o jeito de sonhar e também o jeito de abraçar. Ter-te apertada nos meus braços é carregar meu mundo nas mãos e por isso aproveito cada instante da raridade do momento – nem todos são capazes de segurar o próprio mundo nas mãos, são?

Gostaria de pedir que não deposite em mim toda a culpa de tudo isso. Amar-te é inevitável. Afinal, como eu poderia ignorar teu o olhar? Sim, o olhar. Teu lindo olhar. De todos esses é sem dúvidas o meu favorito: delicio-me ao mergulhar no infinito dos teus olhos, pronto para desbravar teus mundos (assim mesmo, no plural), conquistar impérios e construir reinos. E a cada mergulho na imensidão do teu olhar sou capaz de perceber porque me é tão importante. Acontece que em ti vejo a mim, mas não simplesmente isso. Vejo a nós dois. E por isso, Sophie, você há de me desculpar.

Você há de me desculpar porque a ilusão de um coração apaixonado - do meu coração apaixonado - não tem limites. Há de me desculpar por te amar e porque te amo. Há de me desculpar por tirar de ti a paz, e há de me desculpar simplesmente porque tu és minha tanto quanto sou teu.


Do teu amado,
Leonnard.

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